Faixas de 125
metros sem combustível não travaram incêndio da Serra da Estrela…
O Fogo já afectou mais de 26 mil hectares. Vocação produtiva da gestão florestal feita no interior do parque natural é um problema, defendem vários dirigentes associativos.
Nos
últimos três anos foram limpos no Parque Natural da Serra da Estrela (PNSE)
centenas de hectares de faixas, com um mínimo de 125 metros de largura, para
compartimentar a floresta e criar zonas privilegiadas para combater os
incêndios. Mas a chamada rede primária de faixas de gestão de combustível que
pretende reduzir a área dos grandes incêndios, não foi suficiente para suster o
fogo que começou há 13 dias na Covilhã e cruzou o parque de um lado ao outro,
afectando uma área de mais de 26 mil hectares, segundo o Sistema Europeu de
Informação sobre Incêndios Florestais.
No balanço
do trabalho de prevenção dos incêndios rurais feito deste 2017 – ano em que
arderam 19.300 dos 89 mil hectares do parque, ou seja, quase 22% da sua área –
são vários os que admitem que foram tomadas algumas medidas, mas não as
suficientes para uma área tão vasta.
O
presidente da Queiró – Associação para a Floresta, Caça e Pesca, Nuno Lourenço,
acredita que o Estado tem tentado melhorar a estratégia de prevenção dos fogos
na serra da Estrela. “Está-se a tentar fazer diferente, mas é um processo muito
lento, que ainda não permite ver resultados”, nota o dirigente, que também é
vice-presidente dos baldios de Cortes do Meio, na Covilhã, responsável pela
gestão de 3000 hectares de terrenos comunitários.
Nuno
Lourenço constata que a rede primária não foi eficaz para evitar a progressão
deste grande fogo, mas não arrisca justificações. Apenas deixa perguntas. “O
problema será a falta de manutenção das faixas? Será que o desenho da rede é
correcto?”, lança. Outros como José Maria Saraiva, da Associação Amigos da
Serra da Estrela, apontam o falhanço também para as estratégias de combate, que
muitas vezes não sabem aproveitar as oportunidades que este tipo de faixas
permite. Na mesma linha, o presidente da Urze – Associação Florestal da Encosta
da Serra da Estrela, Samuel Rebelo, considera os montantes investidos na rede
primária um mau investimento. “É dinheiro jogado fora se depois a estratégia de
combate é proteger pessoas e casas e deixar o resto arder”, considera.
Fonte:
ΦΦΦ
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