Estamos a vender o futuro ao preço da pasta de papel. É como se o resto do mundo nos convencesse a emprestar os nossos montes, a nossa água e a nossa biodiversidade em troca de Euros. Para quê desgastar os recursos dos seus próprios países, se há uma nação disposta a vender a sua qualidade de vida para fabricar subprodutos da pasta de celulose?
Durante séculos, chamámos “gestão florestal” à destruição sistemática da paisagem. Queimámos o que restava para alimentar uma indústria que troca sombra por celulose, água por lucro, diversidade por exportação. E se tivéssemos finalmente coragem de parar? Este artigo propõe uma viragem radical mas possível. Acabar com a monocultura e devolver o protagonismo ao ecossistema. Para que Portugal deixe de arder e comece a florescer.
Por: Ricardo Meireles
Somos um povo sem memória ecológica.
Pergunta a qualquer português como era a paisagem há 150 anos, ninguém saberá responder. Ou mesmo há 50. A maior parte dirá que era “parecida”. Mas não era.
O que temos hoje não é floresta. É uma cicatriz com ramos. Uma repetição industrial de espécies inflamáveis. Aquilo que chamamos hoje “monte” não é o que lá estava. É o que sobrou depois de séculos de extração.
A indústria da celulose em Portugal é frequentemente apresentada como um caso de sucesso. Mas a que custo se constrói um “sucesso” que exige 800 mil hectares de eucalipto e mais de um milhão de hectares de plantações industriais inflamáveis? Que sucesso é esse que transforma a paisagem numa monocultura vertical, onde só uma espécie prospera e tudo o resto morre em silêncio?
Não se trata apenas de uma decisão económica, é uma escolha civilizacional.
Queremos continuar a extrair como se os montes fossem minas de madeira?
Ou queremos começar a regenerar?
Um texto e uma perspetiva a merecer uma leitura
Data: 8-08-2025
Fontes/Links:
https://estacaoagroflorestal.wordpress.com/
https://estacaoagroflorestal.wordpress.com/2025/08/08/voltar-as-raizes-renascer-em-vez-de-arder/
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