Associação de Moradores e Proprietários do Vaqueirinho AMPV: o Edital n.º 26/2023

PRÉDIO RÚSTICO SEM DONO CONHECIDO EM ÁREAS INTEGRADAS DE GESTÃO DA PAISAGEM (AIGP SERRA DA LOUSÃ)

já estavam todos avisados,

já o tinham anunciado aqui e ali,

foram realizadas Sessões de Esclarecimento,

várias,

mas agora veio aviso formal,

entre a euforia do Rally e a devoção das festividades religiosas,

dei conta da publicação do Edital em apreço...

e ao lê-lo, fiquei a pensar naqueles,

que das agruras da serra fugiram,

deixando as suas calçadas,

o mato a crescer e as oliveiras a definhar,

pois que haverão agora de fazer?

reclamá-las, como suas?

Por certo, logo virá a Guarda...

Pronta lhes entregar um certificado de aforro,

para ajudar a pagar a limpeza!

e pró ano cá voltaremos!

pois agora, já sabemos quem és...

e anuncia-se com pompa o resultado:

é tudo a bem da nação,

todos saem todos a ganhar,

ordena-se o território,

fazem-se planos e planilhas,

para a nossa serra e para a floresta,

para que fique mais resiliente,

e mais biodiversa,

e tenta-se arrecadar algum do PRR...

e não vamos ter mais incêndios? ou será que vai arder outra vez?

pois isso não há garantias! temos todos de nos responsabilizar, lá diz o Ministro...

para já, ficamos a saber que os malvados dos absentistas, que não cuidam da nossa floresta,

são afinal os donos das tais calçadas...

que também não sabemos bem quem são,

de caducos que ficaram os registos das finanças,

pois que dali também já não vinha grande proveito ao Estado,

sim, os donos das tais calçadas,

Aqueles que, depois de privados do uso dos baldios pela Florestal, tiveram de emigrar em estado de necessidade, porque o seu modo de vida, a sua economia e sustento também deles dependia, nomeadamente para pastoreio e alimentação do gado, num delicado e periclitante equilíbrio, sempre a roçar a pobreza.

e quem sai a ganhar?

os donos das tais calçadas?

dificilmente...

para ganhar 160 Euros por hectare, a plantar árvores?

pois que aqui por cima é terra de minifúndio, senhores!

a quem vão aproveitar os 897,26 hectares afinal?

À nova geração?

Sim! vamos criar trabalhos precários, para que a nova geração possa elaborar e produzir as estatísticas e métricas que são necessárias, para assegurar que continua a haver dinheiro, de vários mundos e fundos.

e eles que vivam por muitos e bons anos e que vejam as árvores plantadas a crescer e crescer...

e que baloicem os netos à sombra dos ramos dessas árvores...

e quem faz justiça aos serranos, os donos das tais calçadas?

neles alguém pensou?