A Capela de Nossa Senhora das Preces
algumas considerações
Caro Presidente da Direção da Associação Casal do Catarredor Sr. José Bento,
Permita-me que tome algumas considerações à informação de vosso e-mail enviado a 17 de dezembro de 2024 e relativamente à informação que consta na peça jornalística que consta no jornal “O Trevim” edição de 6 de fevereiro de 2025 | N.º 1554.
De forma sincera, felicitamos a conservação e restauro do Missale Romanum ex Decreto Sacrosancti Concilii Tridentini Restitutum de 1675, tendo este sido entregue ao Município da Lousã, para ficar disponível ao público no Eco-museu da Serra da Lousã - Museu Municipal Prof. Álvaro Viana de Lemos, tendo em conta o seu valor e não existirem condições em termos ambientais e de segurança que permitam a exposição da obra ao público na referida capela. Sendo nossa opinião, que o mesmo deveria ficar de forma permanente à guarda do Município da Lousã e que poderia estar exposto na capela uma réplica, isto por motivos de preservação e segurança.
Desta vossa decisão, ainda que estejamos de acordo, entendemos que não teve um procedimento correto, por motivo de mais uma vez não existir informação prévia sobre o tratamento e gestão dos bens que pertencem às três aldeias.
Não podemos deixar de demonstrar a nossa preocupação e indignação como a informação sobre a não realização das obras previstas, tendo como justificação não estar constituída a Comissão da capela nem o regulamento de utilização.
De acordo com as votações expressas na reunião com a comunidade local realizada a 22/10/2023, tendo sido convocado prezado Pe. António Domingues, e conduzida pelo eng. Ricardo Fernandes, na altura Presidente da vossa Mesa da Assembleia Geral, foi demonstrado o interesse na execução do investimento e refuncionalização do espaço público de culto religioso, com a ressalva que as obras a levar a cabo teriam de ser avaliadas pela comunidade local, uma vez que algumas propostas por vós colocadas em projeto PDR2020 da Associação do Casal de Catarredor, não faziam sentido, como por exemplo a colocação de novo piso que ainda há poucos anos tinha sido colocado, bem como a substituição dos bancos existentes que também estes tinham sido há pouco tempo adquiridos, em ambos os casos pela mordomia da capela, por cadeirões.
Podemos verificar que no 3º ponto que a Associação Casal do Catarredor, tinha também ficado com o dever de em conjunto com a Associação de Convívio e Melhoramentos do Candal e a Associação de Moradores e Proprietários do Vaqueirinho de elaboração do regulamento enunciado no ponto 2, a qual nunca demonstrou nenhuma iniciativa para a concretização do mesmo.
Por outro lado, a ACMC só poderia vir a designar o seu representante na Comissão de Capela de Nossa Senhora das Preces, com a análise da informação solicitada e com o envolvimento da Associação Casal do Catarredor demonstrando a vontade em que a mesma fosse criada.
Recordo que a posição do Dr. Marco Correia, sócio ACC e pessoa responsável pelo projeto, no decorrer da reunião e claro que não posso precisar exatamente as palavras proferidas, pois já passou algum tempo, foi: “se não quiserem fazer a obra e avançar com o projeto, nós transferimos a verba para outras obras, e para mim não há mais assunto”.
Pode parecer maçador tanta recordatória, mas é através destas que conseguimos criar uma linha temporal de acontecimentos, e que no nosso entender a vossa decisão já estava tomada após a reunião.
Entendemos ainda, que este processo foi iniciado de uma forma desrespeitosa para com a comunidade local pela falta de diálogo e informação prévia à submissão da candidatura, situação por vós já reconhecida, e que de certa forma existiu uma tentativa de repor a dignidade do processo através de uma reunião aberta à comunidade local.
Por fim, não tenho conhecimento do conteúdo da candidatura, mas mais uma vez pela informação prestada nessa mesma reunião, um dos pontos âncora na aprovação da candidatura de forma global era a requalificação do património religioso, e que se encontra descrito em vossa informação via e-mail, e passo a transcrever:
“As obras de beneficiação e requalificação a realizar na capela do Catarredor pressupõem uma intervenção ao nível da reabilitação energética dos vários elementos construtivos, nomeadamente, o pavimento, vãos e teto, por forma a garantir as condições ambientais aconselháveis à conservação das valiosas peças restauradas, ao mesmo tempo que confere ao espaço uma matriz acolhedora e intimista, assegurado o conforto físico que potencia a concentração, permitindo uma vivência de forma mais completa, ‘de corpo e alma’ e em comunidade, intensificando o sentimento de pertença ao lugar, e uma ligação emocional que fortalece a experiência nas dimensões espiritual e histórica. Tendo presente a simplicidade arquitetónica da capela, sem entrada de luz natural, a intervenção prevê investimentos na melhoria da eficiência energética, através da substituição de lâmpadas incandescentes por lâmpadas de baixo consumo (led), por forma a melhorar o conforto visual das pessoas ao mesmo tempo que valoriza os vários elementos artísticos, culturais e históricos intervencionados e presentes no espaço, quer os necessários na celebração, favorecendo as ações litúrgicas, quer os de cariz museológico, melhorando significativamente a perceção de preservação da memória coletiva.
Por fim, apresenta-se o orçamento aprovado para a intervenção, no valor aproximado de 50.000 Euros, sendo que até ao momento estão executados os seguintes investimentos:
2.1.1 Prospeção para definição da composição original;
2.1.3 Intervenção artística na capela da aldeia de Catarredor - Imagem de Nossa Senhora;
2.1.4 Intervenção artística na capela da aldeia de Catarredor - Última Ceia;
2.3 Preservação e restauro do Missale Romanum ex Decreto Sacrosancti Concilii Tridentini Restitutum, de 1675
2.3.3 - Vitrina museológica.”
Questionamos com a nossa humilde ignorância sobre a aprovação da referida candidatura, de qual e como foi justificado o pedido de alteração/transferência de verbas em projeto PDR2020.
Neste sentido, esperamos que as preocupações aqui expostas sejam devidamente tomadas em consideração, garantindo que os interesses da comunidade sejam devidamente respeitados e representados. Acreditamos que através de uma abordagem transparente e participativa,
Ficamos a aguardar um retorno da vossa parte de forma que a comunidade local das três aldeias seja beneficiada de forma equitativa.
Atentamente,
Filipe Ferreira
Presidente da ACMC
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