⚪ - Associados - Sobre a Proposta de Operação Integrada de Gestão da Paisagem Serra da Lousã da AGASL



Divulgamos aqui, a pedido do nosso Associado, Luís Capela, o documento por si elaborado, em jeito de comentários, sugestões e questões, sobre a Proposta de Operação Integrada de Gestão da Paisagem apresentada pela Associação Gestora da AIGP Serra da Lousã- AGASL e divulgada, em Outubro passado, aqui no nosso Blog:

https://vaqueirinho1999.blogspot.com/2023/11/edital-592023-consulta-publica-oigp.html


este documento expressa exclusivamente a opinião do seu autor e não vincula a Associação de Moradores e Proprietários do Vaqueirinho - AMPV.  

 

PROPOSTA DE OPERAÇÃO INTEGRADA DE GESTÃO DA PAISAGEM

 

AIGP Serra da Lousã – Consulta Pública

 

 

Outubro, 2023

 

 

A Proposta de Operação Integrada de Gestão da Paisagem apresentada e assim submetida a Consulta Pública, doravante, Documento POIGP ou Proposta, merece-nos uma saudação particular pelo facto de dar corpo a uma abordagem que se nos afigura passível de pôr um termo ao desnorte e falta de visão de médio prazo, das autoridades locais e nacionais, relativamente à Serra da Lousã, nos últimos 50 anos.

 A Proposta poderá constituir, assim, um instrumento de referência que permita vislumbrar um plano para o futuro para a Serra da Lousã; a Serra da Lousã que deverá ser o legado que queremos deixar aos que vierem depois de nós.

 

 

Esta dimensão prospetiva desta Proposta, deverá assim reunir um consenso alargado entre todos atores envolvidos, sendo certo que nos falta ainda percorrer um longo caminho para podermos perspetivar a Serra da Lousã em toda a sua extensão e envolvendo todos municípios que a cruzam, numa abordagem intermunicipal.

 

Até lá, melhor será, porventura, avançar com este primeiro passo…

  

Da leitura que fizemos do Documento POIGP passamos a referir alguns aspetos que, em nosso entendimento, deverão ser objeto de ponderação, no sentido de contemplar os comentários, ou sugestões formuladas e responder às questões colocadas.

 

 

Começamos por elogiar todos aqueles que trabalharam na elaboração da Proposta, fazendo jus às horas de trabalho que certamente foram investidas na mesma.

Ainda assim, fazemos notar, de forma geral, que a Proposta é um documento denso e extenso (165 págs.) denotando uma abordagem de verdadeiros estudiosos e conhecedores da matéria versada.

Com efeito, o documento não inclui um sumário executivo que sintetize, de forma clara e de fácil apreensão, a abordagem proposta e as soluções e opções defendidas. 

 

 

Por forma facilitar a exposição e atenta a já referida dimensão da Proposta, faremos referências à paginação da mesma:

 

Os textos em itálico referem-se a transcrições da Proposta.

 

Pag. 13

 

 

1. A Proposta refere-se à Planta de ocupação do solo atual (POSA) da área da AIGP Serra da Lousã, referindo que a mesma se baseia na COS 2018 publicada pela DGT.

 

 

Comentário/Questão:

A qualidade e fiabilidade da informação de base é fundamental, para estribar a Proposta em apreço.

A informação de base está devidamente atualizada e contempla, nomeadamente, as áreas submetidas aos cortes rasos e demais intervenções dos madeireiros desde 2021, até à presente data?

 

 

Ainda de acordo com a Proposta,

 

a espécie mais representativa é o pinheiro-bravo, com uma ocupação de 345,96 ha, que corresponde a 38,56% da área total da AIGP.

 

as florestas de castanheiro com 174,93 ha, que representam 19,50%.

 

As áreas incultas ocupadas com matos que ocupam uma área total de 203,09 ha

 

As invasoras lenhosas estão presentes em 8,56% deste território com cerca de 77 ha.

 

 

Pag. 15

 

2. A Proposta faz também referência à Planta de ocupação do solo (POSP) proposta para a AIGP Serra da Lousã referindo que a mesma aponta para uma diminuição das áreas florestais:

 

verifica-se uma ligeira diminuição das áreas florestais que passaram de uma representatividade de 96% para 87,6%.

 

 

Comentário/Questão:

Para tal diminuição contribuiu, ou ainda vão contribuir (?) os cortes prematuros que desde 2021 se registam na Serra da Lousã, com especial destaque para a área da AIGP Serra da Lousã.

 

 

 

Unidades de Ocupação do Solo Proposta, UOSP

 

 

Pag. 17

 

 

Verifica-se uma ligeira diminuição das áreas florestais que passaram de uma representatividade de 96% para 87,6%. Ainda em termos de coberto florestal, constata-se uma diminuição da área de pinheiro-bravo que passa de uma representatividade de cerca de 38% para 26%, assim como da área de castanheiro, embora ligeira, facto que se deve aos cortes prematuros que desde 2021 que se registam na Serra da Lousã, com especial destaque na área da AIGP Serra da Lousã.

 

 

 

A Proposta refere ainda que, atendendo à ameaça de invasão destas áreas sem coberto vegetal, por invasoras lenhosas, conduz-nos a propor para estas áreas, a curto prazo, ações de rearborização com folhosas diversas.

 

Apesar das invasoras lenhosas ocuparem uma área significativa (cerca de 77 hectares), a proposta de redução é pouco significativa, este facto prende-se essencialmente com:

Comentário/Sugestão:

 Área das invasoras lenhosas (77 ha) é de facto considerável e deveria ser objeto de uma proposta de redução mais ambiciosa, e prever um esforço de contenção com maior alcance.

Com efeito, afigura-se-nos que continua a ser subestimada a ameaça de colonização generalizada da Serra da Lousã pelas invasoras, nomeadamente pelas acácias, o que é atestado pelas áreas ocupadas por estas espécies invasoras, desde há 40 anos a esta parte, e particularmente neste momento, em que os cortes rasos deixam um vazio que dá ainda mais espaço à invasão das acácias.

 

Leia-se:

https://www.wilder.pt/historias/quercus-teme-que-peneda-geres-esteja-a-perder-a-guerra-contra-acacias/


 

A manutenção das áreas de matos considerada nesta proposta, fundamenta-se na necessidade de preservar áreas de vegetação natural, de extrema importância no âmbito da conservação da natureza e da promoção da biodiversidade, e pela função que desempenham enquanto zonas de refúgio para a caça e como campos polinizadores.

 

Comentário/Questão:

Existe alguma medida que contemple os polinizadores? Pretende-se convocar atores locais para enriquecer a Proposta (Lousãmel DOP, Apimel) e fomentar as atividades de Apicultura?

 

 

Pag. 18

 

Integra ainda esta proposta, a instalação de uma área considerável de pastagens melhoradas, num total de 31,60 ha, para promoção do pastoreio local, incentivando desta forma a dinamização de uma atividade já existente, e de um Sistema Agroflorestal (SAF, com cerca de 48 ha, enquanto campo de alimentação para a fauna selvagem, de modo a minimizar o impacto dos prejuízos provocados por estas espécies cinegéticas na agricultura familiar.

 

 

O aumento das áreas agrícolas proposto em cerca de 2 ha, resulta da diminuição de áreas ocupadas com pinheiro, castanheiro e eucalipto, localizadas na envolvente das aldeias que integram esta AIGP, sendo que estas reduções/reconversão das áreas florestais em sistemas agrícolas resultam dos cortes prematuros em curso na Serra da Lousã.

 

Comentário/Questão:

Ficamos na dúvida se ao aumento proposto se associarão as medidas necessárias à proteção destas áreas agrícolas por forma a minimizar o impacto dos prejuízos provocados pelas espécies cinegéticas, entretanto introduzidas (Javalis, Corços e Veados) na agricultura familiar.

 

Pag. 24

 

Elementos Estruturais

 

O Documento POIGP faz também referência

As Aldeias do Xisto integram 4 das 6 aldeias desta OIGP (Candal, Casal Novo Chiqueiro e Talasnal, integram uma rede organizada que se constituem como verdadeiras relíquias na Paisagem que traduzem a história de ocupação deste território, de que se destaca a utilização inteligente dos recursos locais, como os materiais utilizados na construção das habitações.

 

 Na área da AIGP Serra da Lousã são facilmente identificáveis os socalcos e muros a marginar as áreas agrícolas na envolvente das aldeias. Tratam-se de elementos identitários da paisagem que apesar de não se encontrarem georreferenciados, serão devidamente salvaguardados e conservados no âmbito das operações culturais a realizar no âmbito da operacionalização desta OIGP.

 

Comentário/Sugestão:

Existem ainda as demais aldeias serranas (9), de xisto também, como o Catarredor, as Silveiras, e o Vaqueirinho, que não são, aparentemente, consideradas como Elementos Estruturais, provavelmente relegadas para a referência aos socalcos e muros a marginar as áreas agrícolas na envolvente das aldeias.

A Proposta deve, em nosso entendimento, ser inclusiva e contemplar todas as aldeias serranas incluídas no perímetro da AIGP Serra da Lousã.

 


Pag. 25

 

Matriz de transformação da paisagem

(…)

As opções de transformação da paisagem tiveram como base os princípios da conservação e da biodiversidade

(…)

a. À diminuição das áreas de invasoras lenhosas;

i. À requalificação e recuperação da galeria ripícola e salvaguarda dos recursos hídricos;

 (…)

 Assim a matriz de transformação da paisagem desta AIGP, contempla a redução da área de pinheiro-bravo em 111,61 ha, passando a representar 26,12% da área da AIGP Serra da Lousã. A proposta traduz-se igualmente na instalação de espaços agrícolas em 7,72 ha, na diminuição das áreas de invasoras lenhosas que perturbam a biodiversidade dos ecossistemas, e a instalação de cerca de 116 ha de povoamentos mistos de folhosas autóctones, que irão constituir mosaicos de descontinuidade vegetal na paisagem. O mapa e a tabela seguintes evidenciam as alterações propostas de transformação de paisagem.

 

Tabela 4 - Matriz de transformação

 

Pag. 27

 

As soluções propostas estão alinhadas e integram-se nas intervenções realizadas no âmbito do projeto Condomínio de Aldeia realizado no ano de 2021, que contemplou entre outras intervenções a promoção e aumento da segurança de pessoas e bens face a eventuais incêndios rurais através da constituição de faixas de gestão de combustível na envolvente de algumas aldeias, a preservação e conservação dos respetivos elementos identitários e de valorização da paisagem e a promoção da biodiversidade e valorização dos recursos naturais.

 

A tabela seguinte resume as intervenções realizadas no âmbito deste projeto.

 




Comentário/Questão:

A tabela acima reproduzida faz, alegadamente, referência a intervenções realizadas.

Não nos apercebemos de que tenha ocorrido qualquer ação relativamente à alegada constituição das FGC nas imediações da Aldeia do Vaqueirinho.

Esta intervenção já vem sendo publicitada pelo Município desde Março de 2021:

Leia-se:

https://centrotv.sapo.pt/municipio-da-lousa-desenvolve-projeto-nas-aldeias-da-serra/

 

Mas, até à presente data, no Vaqueirinho não se verificou qualquer intervenção.

 


Rede Natura 2000 e Regime Florestal

 

Pag. 40

 

A área da AIGP Serra da Lousã encontra-se totalmente classificada como Rede Natura 2000.

A Rede Natura 2000 é composta por áreas de importância comunitária

 

De referir que a área da AIGP Serra da Lousã confina com áreas florestais sujeitas ao regime florestal. Tratam-se de áreas comunitárias em co-gestão com o ICNF, de elevado valor paisagístico e de biodiversidade, que ocupam no concelho da Lousã 2110 ha, que corresponde a 15,2% da área do concelho.

 

Comentário/Questão:

Não encontramos na Proposta, qualquer referência a medidas que visem proteger ou defender a Serra da Lousã das atividades dos madeireiros, nomeadamente no que respeita aos cortes prematuros em curso na Serra da Lousã, referidos na Proposta.

Esta matéria é particularmente relevante para que os trabalhos e investimentos elencados na Proposta, não resultem frustrados devido à sucessiva intervenção de madeireiros.

Os eventos ainda recentes nas Silveiras estão ainda bem presentes na memória coletiva. 



Pag. 42

 

Fauna

 

A área da AIGP é refúgio de uma fauna rica e variada. A atual ausência de gestão da Zona de Caça Nacional, onde a AIGP está integrada tem criado condições ótimas para refúgio e procriação de espécies faunísticas com relevo para os mamíferos como o javali, a o corço e o veado, mas com fortes impactos negativos na regeneração natural de espécies caducifólias como seja entre outras o castanheiro e o carvalho, sendo, no entanto, residual o registo de observações de lebre, de coelho, de doninhas e raposas. Nas aves assinala-se a trepadeira-comum, a trepadeira-azul, o cuco, a rola,

o melro, o rouxinol, a perdiz, o melro - d’água, o açor e a águia - de - asa - redonda.

 

Comentário/Questão:

A referida introdução das espécies faunísticas de relevo tem igualmente um forte impacto nas atividades silvícolas e agrícolas desenvolvidas nas Aldeias mencionadas na Proposta. O ICNF recomenda o recurso a vedações, o que, em matéria de proteção de atividades agrícolas e de povoamentos florestais, se pode revelar particularmente oneroso.   Como resolver?

 

Flora

Habitat prioritário;

 

• 9230 – Carvalhais galaico-portugueses de Quercus robur e Quercus pyrenaica;

• 9260 – Floresta da Castanea sativa;


Comentário/Questão:

A referência, na Proposta, a uma redução da Floresta da Castanea sativa, é compatível com a sua classificação de Habitat prioritário?

Afigura-se-nos que este recurso e riqueza da Serra, deveria redundar num maior enfoque e atenção ao correspondente potencial.

 

  

Pag. 56

 

g. Outros riscos e vulnerabilidades

 

Pragas e espécies invasoras

 

A área da AIGP Serra da Lousã encontra-se fortemente ameaçada pela presença de espécies exóticas invasoras, que promovem impactos negativos a nível da biodiversidade nativa e dos serviços dos ecossistemas, podendo mesmo ser responsáveis pela extinção de espécies endógenas.


Neste momento a ameaça das invasoras, na área desta AIGP, está a ser potenciada pelos cortes rasos em curso, que não estão a ser acompanhados por ações de reflorestação ou qualquer outra atividade de gestão florestal para mitigar esse efeito.

 

Prevê-se que os problemas causados pelas espécies invasoras sejam agravados pelas alterações climáticas. As alterações climáticas podem facilitar a disseminação e o estabelecimento de muitas espécies exóticas e criar novas oportunidades para que estas se tornem invasoras.

 

As espécies invasoras podem reduzir a resiliência dos habitats naturais, dos sistemas agrícolas e das áreas urbanas às alterações climáticas. Por outro lado, as alterações climáticas reduzem a resistência de alguns habitats às invasões biológicas.

 

É essencial que as espécies invasoras sejam incluídas nas políticas das alterações climáticas e deverão incluir medidas de resposta rápida para controlar e monitorizar e erradicar as espécies exóticas.

 

 

Comentário/Questão/Sugestão:

Face ao que o Documento refere em matéria de invasoras, porque é que a Proposta não contempla um plano mais ambicioso na luta contra as espécies invasoras?

 

Pag 61

 

Atendendo ao valor ecológico da área da AIGP Serra da Lousã, identificam-se um conjunto de ameaças que poderão conduzir à degradação destes ecossistemas. O impacte dessa degradação far-se-á sentir quer ao nível da biodiversidade, quer ao nível do bem-estar humano e consequentemente ao nível económico e social.

Identificam-se como principais ameaças e pressões sobre esta área que integra a SIC Serra da Lousã, o seguinte:

 

Cortes rasos prematuros;

▪ Corte da vegetação ribeirinha (não respeitando a faixa de proteção das linhas de água);

▪ Presença de espécies invasoras lenhosas, como as háquias, ailantos e sobretudo acácias;

 

Pag 75

 

Deste modo as ações dirigidas para a estrutura ecológica procuram restabelecer a continuidade estrutural e funcional do ecossistema ribeirinho. Propomos recuperar a vegetação arbórea e arborescente autóctone que se desenvolve ao longo das galerias ripícolas da ribeira de Catarredor, do Candal e da Vergada e de algumas linhas de água destas subsidiárias, e em simultâneo anular a continuidade vertical e horizontal do combustível presente, aumentar também a respetiva área de influência por ações de desmatamento na sua envolvente, operações de poda e condução das árvores jovens e a identificação de árvores de futuro.

 

 

Comentário:

 O atual estado das Galerias Rípicolas, nomeadamente as da Ribeira do Catarredor, é deplorável e vai implicar um trabalho muito intenso sobre estas galerias, atualmente devastadas pelas acácias, registando-se diversas situações em que o Património Edificado (Moinhos de água), está ameaçado por estas espécies.

 

 

Pag 76

 

Na atual área que foi objeto de corte prematuro de Pinheiro bravo (67,38 ha) propõe-se a rearborização com folhosas tendo-se optado pela instalação das seguintes espécies: Cerejeira -brava (Prunus avium), Quercus Pirenaica Quercus Róbur e Bétula celtibérica.

Comentário:

A intervenção sobre estas áreas é urgente e premente, uma vez que as acácias invasoras já se estão a desenvolver oportunisticamente e de forma exponencial nas mesmas.

 

Pag 77

 

(…)

Destaca-se o potencial e importância que as áreas de floresta de castanheiro, de outras folhosas e

florestas mistas apresentam para a regulação do ciclo hidrológico.

(…)

As galerias ripícolas, associadas às linhas de água incluídas nesta OIGP, apresentam uma enorme importância para a diversidade e manutenção do ciclo da água,

 

Comentário/Questão:

A importância das áreas de floresta de castanheiro, destacada na Proposta, é compatível e convive com a projetada diminuição das áreas de floresta de castanheiro?

 

 

Pag 87

 

 f. Minimização de outras vulnerabilidades e riscos existentes e potenciais

  

(…)

▪ Cortes rasos prematuros - que promovem a erosão hídrica do solo e o surgimento de núcleos de invasoras. Face a esta vulnerabilidade esta OIGP propõe ações de gestão florestal, nomeadamente a rearborização de algumas áreas assim como o aproveitamento sempre que possível, de regeneração natural;

(…)

 

Pag 90

 

Pretende-se com a OIGP promover o ordenamento e a multifuncionalidade da

floresta, através da instalação de povoamentos ordenados, biodiversos e resilientes.

 

h. Promoção de povoamentos florestais ordenados, biodiversos, multifuncionais e resilientes

 

i. Promover as atividades agrícolas – Reconversão de cerca de 2 ha de área florestal ocupada com castanheiro e/ou matos em área agrícola;

 

iii. Controlo de invasoras lenhosas e reconversão em povoamento de folhosas (17,21 ha);

 

viii. Rearborização das áreas submetidas a corte raso, com recurso a espécies autóctones (67,38 ha);

 

Pag 93

 

A.2.3. Articulação com o quadro legal

a. Instrumentos de Gestão Territorial

 

Comentário/Questão:

Não encontramos na Proposta, qualquer referência a medidas que visem proteger ou defender a Serra da Lousã das atividades dos madeireiros, nomeadamente no que respeita aos cortes prematuros em curso na Serra da Lousã, referidos na Proposta.

Esta matéria é particularmente relevante para que os trabalhos elencados na Proposta não resultem gorados com este tipo de atividades.

 

 

 

 

Pags 123 e 124

 

Como já se referiu anteriormente, apesar das invasoras lenhosas ocuparem uma área significativa (cerca de 77 hectares), a proposta de redução é pouco significativa, este facto prende-se essencialmente com:

 

 

As ações de controlo de espécies invasoras lenhosas irão executar-se de forma faseada, através de métodos de controlo físico e químico, que integrarão as seguintes componentes:

 

▪ Descasque das árvores de maior porte, a realizar em épocas de temperaturas

amenas e com alguma humidade, e posteriormente, quando se verificar as

melhores condições proceder ao seu corte;

▪ Arranque de plântulas de indivíduos jovens provenientes de germinação. O

arranque deverá ser efetuado junto ao colo da planta. Esta operação deverá

ser realizada em altura de chuvas de modo a facilitar a libertação das raízes.;

Corte com aplicação de herbicida. Cortar rente ao solo a planta e pincelar de

imediato a touça com herbicida, com o princípio ativo à base de glifosato. O

herbicida deve ser aplicado evitando o escorrimento para o solo e em dias sem

vento para evitar impactos sobre outras espécies, solo e água;

Descasque das árvores de maior porte, a realizar em épocas de temperaturas

amenas e com alguma humidade, e posteriormente, quando se verificar as

melhores condições proceder ao seu corte;

▪ Arranque de plântulas de indivíduos jovens provenientes de germinação. O

arranque deverá ser efetuado junto ao colo da planta. Esta operação deverá

ser realizada em altura de chuvas de modo a facilitar a libertação das raízes.;

(…)

Na proximidade das linhas de água não serão aplicados tratamentos químicos.

(…)

Nas UI_1 a e UI_1 b, as intervenções incidirão em reduzir a densidade existente, em

áreas perfeitamente estabilizadas, através de operações moto manuais e tratamentos químicos, de modo a promover a biodiversidade dos espaços naturais.

 

 

Comentário/Questão:

Pese embora ser feita referência a medidas tendentes a evitar contaminações, a aplicação de herbicidas à base de glifosatos deverá ser evitada…

Quando a saúde pública e o ecossistema podem estar em causa, deverá optar-se pelo princípio da precaução.

 

O Município da Lousã já adotou alguma Tomada de Posição relativamente ao uso do glifosato?

Leia-se:

https://www.nationalgeographic.pt/meio-ambiente/glifosato-herbicida-portugal-uniao-europeia_4463


 

Pag 125

 

Redes de defesa

Infraestruturação do território no âmbito da gestão integrada de fogos rurais| Construção e manutenção da rede viária

 

Comentário/Questão/Sugestão:

Neste domínio não vemos que esteja contemplada a manutenção da rede viária, para alguns dos casos em tal rede viária tem sido alvo de utilização por veículos pesados por parte dos madeireiros que têm vindo operar na Serra da Lousã. Citamos, a título de exemplo, a estrada da Vergada que atravessa a ribeira com o mesmo nome, e que presentemente está intransitável, para viaturas “normais”.

Sugere-se neste domínio, que a referida estrada seja objeto de manutenção/reparação até porque ela é uma alternativa de saída de emergência para as Aldeias vizinhas.

    

 

Pag 136

 

B.4. Modelo de intervenção em áreas agrícolas UI 011


(Pag.114)

 

A ocupação agrícola será baseada em modelo de intervenção de consociação de fruteiras diversas e aveleira e ervas aromáticas. A opção por este modelo de ocupação agrícola vai de encontro à sazonalidade de permanência dos residentes. Trata-se de modelos baseados na agricultura familiar e na utilização de culturas pouco exigentes, em que se considera a instalação de sistema de rega gota a gota, ligado a depósitos de água (de capacidade entre os 600 a 1000 l), a instalar em pontos mais alto, que armazenarão a água duramente as épocas de maior precipitação e que será depois integrada neste

sistema por gravidade. Considerou-se igualmente a instalação de vedações para prevenir prejuízos provocados pelas espécies cinegéticas, principalmente os ungulados.

Os custos de aquisição destes reservatórios e respetivas ligações hidráulicas, encontram-se integrados nos custos unitários por hectare de instalação do sistema agrícola.

 

 

 

Comentário/Sugestão:

O modelo de intervenção proposto deve contemplar a acessibilidade dos recursos hídricos nas Aldeias referidas, sob pena de não haver aderência do modelo à realidade. A recolha de águas pluviais não se afigura suficiente para suportar as necessidades hídricas do modelo de ocupação agrícola sugerido.

 

No caso da Aldeia do Vaqueirinho, na agricultura familiar, os habitantes estão limitados no acesso a água, tendo de recorrer à fonte da Eira da aldeia, para as regas e demais usos.

O fornecimento de águas está ao cuidado da APIN.   

 

 

Estas unidades de Intervenção serão instaladas junto às aldeias de Candal, Catarredor, Casal Novo, Vaqueirinho e Talasnal. A produção obtida será essencialmente para uso das unidades de restauração existentes nestas aldeias e ainda pelos residentes permanentes e temporários. Estas áreas agrícolas constituirão igualmente mosaicos de paisagem inseridos na faixa de gestão de combustível estabelecida legalmente nos aglomerados populacionais.

 

Comentário:

E no Chiqueiro?…

 

 

Pag 136

 

Ações sujeitas a comunicação prévia, autorização ou licenciamento

 

a área da AIGP insere-se maioritariamente em ecossistemas biofísicos da Reserva Ecológica da REN e encontra-se totalmente inserida em área de Rede Natura 2000, pelo que o conjunto de intervenções deverá atender ao disposto no Regime Jurídico da Reserva Ecológica, regulado pelo Decreto-Lei nº 166/2008, de 22 de agosto, RJREN na sua redação atual, nomeadamente o artigo 20º que define os usos e ações compatíveis com os objetivos de proteção ecológica e ambiental e de prevenção e redução de riscos naturais de áreas integradas na REN.

 

 

Pag 145

 

Levantamento cadastral e da situação de adesão

 

(…) até 31 de outubro e com base na informação disponibilizada pela eBUPi, encontram-se georreferenciadas na área da AIGP Serra da Lousã 678 matrizes de 38 proprietários a que corresponde uma área de 693,31 ha o que representa 77,30% da área total desta AIGP. Importa referir que a maior parte das propriedades georreferenciadas dizem respeito a Casais geridos por associações de

moradores.

O levantamento prévio efetuado na repartição de finanças indicia uma estimativa total de 5417 matrizes rústicas. Isto significa que a área que não se encontra georreferenciada na plataforma eBUPi, ou seja, que corresponde à área sem dono conhecido e que totaliza 203,91 ha encontra-se repartida por 4733 matrizes. A distribuição da área georreferenciada apresenta-se no mapa seguinte.



 
Comentário/Questão:

Não se vislumbram progressos significativos neste domínio…

Gostaríamos ainda de conhecer o resultado, contributos e a materialidade das diligências desenvolvidas pelo Município da Lousã nesta matéria, na sequência das diversas escrituras de justificação notarial efetuadas no ano de 2023, respeitantes às Aldeias do Catarredor, Vaqueirinho, Chiqueiro e Casal Novo, na Serra da Lousã, que perfazem cerca de 136 ha.

 

Leia-se:

https://vaqueirinho1999.blogspot.com/p/dominio-privado-do-municipio-da-lousa_12.html



Pag 146

 

 

D.2. Modelo de gestão e contratualização

a. Modelo de organização e funcionamento da entidade gestora

(…)

Este fator crítico já foi por nós abordado na apresentação da AIGP serra da Lousã que teve lugar em fevereiro de 2023 na Lousã. Na altura relevámos que seria necessário um efetivo apoio à entidade gestora porque a OIGP, apoia operações de investimento no terreno e não contempla adequado apoio à gestão o que para o nosso caso é especialmente problemático porque a nossa AIGP, tal como foi evidenciado em pontos anteriores, tem um carácter predominantemente de proteção e conservação e por isso não gerador de receitas relevantes que poderiam ser alcançadas através de uma silvicultura intensiva. Acresce que a não elegibilidade do IVA constituirá mais um problema difícil de ultrapassar que comprometerá o sucesso do Programa de Transformação da Paisagem (PTP) iniciado pelo governo.

 

Comentário:

As dúvidas e questões levantadas sobre a falta dos apoios necessários e adequados à sustentabilidade da Proposta, levam-nos a perguntar se não estamos perante um nado-morto.

 

 

Pag 150

 

Modelos de intervenção para as áreas sem dono conhecido e para as

áreas de arrendamento forçado

 

A definir com base na legislação aplicável e após o Relatório da Consulta Pública

da Carta Cadastral.

 

e. Modalidades de adesão

A definir posteriormente em resultado da conclusão das ações definidas nos pontos

anteriores.

 

E - Monitorização e Avaliação

 

A entidade gestora deverá definir um conjunto de indicadores para avaliar a execução

física e financeira das operações contratualizadas. No período de financiamento por

parte do PRR, essa monitorização deverá ser efetuada anualmente, para que se

identifiquem eventuais desvios e, atempadamente promover as respetivas correções

para que não haja incumprimento do contratualizado.

Nas tabelas seguintes apresentam-se propostas de modelos de indicadores para

monitorizar e avaliar a operacionalização da OIGP, em termos de execução física e

financeira:

 

Comentário:

A Monitorização e Avaliação são questões muito relevantes que carecem, em nosso entendimento, de maior aprofundamento e desenvolvimento, muito para além da abstrata referência: a definir posteriormente… até porque o envolvimento de fundos do PRR. assim o determina, obrigatoriamente.

 

 

 

 

Esperando que os comentários, questões e sugestões apresentadas, possam merecer a atenção de todos quanto participaram na elaboração da Proposta em apreço, subscrevemo-nos com os melhores cumprimentos,

 

 

 

Luís Filipe Telles de Almeida Capela

Associado

Data do Documento 10.01.2024

 

 ΦΦΦ

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