por Lusa 14-10-2022
A Mata do
Sobral, no concelho da Lousã, vai recuperando lentamente passado cinco anos do
incêndio de 15 de outubro de 2017, que destruiu totalmente um povoamento de 500
hectares constituído por sobreiros, medronheiros e carvalhos.
Situada na
freguesia de Serpins, próximo da localidade de Prilhão, onde teve início o fogo
que se estendeu a nove concelhos da região Centro, a mata recebeu várias
intervenções nos últimos anos que permitiram recuperar cerca de 100 hectares de
floresta.
“O
município da Lousã tem participado nas intervenções, em conjunto com os Baldios
de Serpins e a Junta de Freguesia, que é a entidade gestora, e com o Instituto
da Conservação da Natureza e Floresta (ICNF), que continua a intervir naquele
espaço”, disse à agência Lusa o vereador Ricardo Fernandes, responsável
pelo pelouro dos recursos naturais (floresta e linhas de água) e
desenvolvimento rural.
Segundo o
autarca, logo após o incêndio, a autarquia avançou com um projeto de
estabilização de emergência para recuperação das linhas de água de acesso ao
rio Ceira, que é afluente do Mondego, num investimento superior a 180 mil
euros, financiado pelo Programa de Desenvolvimento Rural 2020.
Numa
segunda fase, adiantou Ricardo Fernandes, foram recuperadas as margens do rio
Ceira junto a Serpins e nas freguesias de Casal de Ermio e Foz de Arouce, com o
corte do material queimado e a plantação de espécies ripícolas.
No âmbito
de uma candidatura ao Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso
de Recursos (POSEUR) que já existia, mas que teve de ser reformulada no
pós-incêndio, realizou-se um outro projeto, também já finalizado, que incidiu
no combate às espécies infestantes em 75 hectares e recuperação do património
ambiental, com o adensamento de uma área de 35 hectares com sobreiro e
medronheiro, num investimento de quase 400 mil euros.
Apesar de
as chamas terem devastado toda a área da Mata do Sobral, tem-se assistido à
regeneração natural das espécies, sublinhou o vereador Ricardo Fernandes, que
salientou a resiliência daquelas espécies que estão a rebentar.
Paulo
Simões, presidente da Junta de Freguesia de Serpins, entidade que gere a Mata
do Sobral, pertencente aos baldios daquela freguesia, confirmou à agência Lusa
a regeneração natural da área, referindo que está a ser retirada a cortiça dos
sobreiros para que “não morram e possam continuar a sua produção”.
“É um
trabalho que está a ser feito de forma gradual, pois tivemos aqui alguns
contratempos, com a tempestade Leslie (2018) e depois a pandemia da covid-19,
que não deixou fazer nada nessa altura e veio atrasar os trabalhos, que,
entretanto, já foram retomados”, disse.
O autarca
queixou-se da proliferação das espécies invasoras, “que é um problema da
mata”, embora os trabalhos para a sua erradicação continuem, nomeadamente com
iniciativas que envolvem grupos de voluntários.
“Vamos
continuar a trabalhar para que aquele espaço continue a ser preservado, tanto
ou mais do que estava antes do incêndio, mas pelo menos como estava antes”,
sublinhou.
O ICNF,
que participou nas intervenções já realizadas, continua ainda no terreno a
efetuar ações de limpeza com as equipas de sapadores florestais, no âmbito do
serviço público que têm de prestar anualmente.
De acordo
com o município da Lousã, a Mata do Sobral é uma zona florestal de grande valor
botânico e um refúgio para muitas espécies características da flora
mediterrânica original, integrada na Rede Natura 2000.
ΦΦΦ
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